100 anos de militância a caminho do futuro

1921-2021

quarta-feira, 13 de maio de 2020

3. O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO, PRINCÍPIO BÁSICO DE ORGANIZAÇÃO DO PCP

Página 9


             3.3. O centralismo democrático e a sua aplicação:
                      o estilo de trabalho do Partido

             O centralismo democrático é, entretanto, a unidade e a interação dos dois aspetos: a democracia e o centralismo. Essa unidade não é mecânica, mas sim dialética: um aspeto completa o outro, pelo que a acentuação arbitrária de um ou de outro aspeto rompe a unidade e só pode causar prejuízos ao Partido.

             A justa combinação do centralismo e da democracia garante ao Partido a unidade e a organização necessárias, torna-o flexível e cria condições para que se possa desenvolver a iniciativa dos militantes e se consiga o cumprimento das resoluções partidárias.

             Este princípio orgânico do Partido, que resulta da sua natureza e dos seus objetivos, é um princípio universal: existe em todos os partidos de novo tipo. Mas a sua aplicação é concreta, dependendo não só da situação em que cada partido desenvolve a sua ação mas também da sua própria experiência revolucionária.

             A aplicação do centralismo democrático depende, em primeiro lugar, das condições em que o Partido desenvolve a sua ação. É assim que para os partidos operários que atuam na clandestinidade, como atuou o PCP durante quase meio século, alguns aspetos da democracia interna não podem ser amplamente aplicados. Assim o exige a defesa do Partido. O processo de eleição é, então, em geral substituído pela cooptação ou nomeação dos quadros, depois de ouvido o maior número possível de camaradas. A discussão ampla dentro do Partido, a crítica, a prestação de contas, a contribuição de todos para a melhoria da atividade geral também sofrem limitações ditadas pelas exigências da defesa das organizações. Mas, mesmo então e salvaguardando aqueles aspetos em que a clandestinidade e a defesa do Partido impunham limitações, sempre houve um esforço para a aplicação mais ampla possível das normas da democracia interna, patente no estilo de trabalho que se ia forjando.

             A aplicação do centralismo democrático está também dependente da experiência revolucionária de cada Partido. É assim que, através da sua história, em correspondência com a orientação política, os critérios de classe, as soluções orgânicas, a política de quadros e a prática revolucionária, o PCP criou formas próprias de aplicação do princípio geral do centralismo democrático, aquilo que poderemos designar como o estilo de trabalho do Partido.

Sem comentários:

Enviar um comentário