100 anos de militância a caminho do futuro

1921-2021

domingo, 31 de maio de 2020

PARA LER, RELER E TORNAR A LER (1)

Porque nem todos leram com a atenção devida -

Manifesto do Partido Comunista
Karl Marx e Friederich Engels



1ª página

Anda um espectro pela Europa — o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro, o papa e o tsar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães.

Onde está o partido de oposição que não tivesse sido vilipendiado pelos seus adversários no governo como comunista, onde está o partido de oposição que não tivesse arremessado de volta, tanto contra os oposicionistas mais progressistas como contra os seus adversários reaccionários, a recriminação estigmatizante do comunismo?

Deste facto concluem-se duas coisas.

O comunismo já é reconhecido por todos os poderes europeus como um poder.

Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo inteiro o seu modo de ver, os seus objectivos, as suas tendências, e de contraporem à lenda (1*) do espectro do comunismo um Manifesto do próprio partido.

Com este objectivo reuniram-se em Londres comunistas das mais diversas nacionalidades e delinearam o Manifesto seguinte, que é publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês (2*)

sábado, 30 de maio de 2020



Notícia do jornal «Avante!» sobre o assassinato de Bento Gonçalves, Secretário-Geral do PCP, no Campo de Concentração do Tarrafal em 11 Setembro de 1942.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO, PRINCÍPIO BÁSICO DE ORGANIZAÇÃO DO PCP

Página 11

             De combater também quaisquer tendências que se manifestem para o autoritarismo, para a intolerância, para o burocratismo, para dar por sistema razão às organizações e camaradas responsáveis contra aqueles que de escalões inferiores os criticarem.

              De combater finalmente quaisquer tendências que se manifestem de “regionalismo” e de estreiteza regional ou setorial.

             Corrigindo as tendências negativas sempre que se manifestem, o PCP aplica de forma ampla e criadora o princípio de centralismo democrático. Como se assinala na RESOLUÇÃO POLÍTICA DO IXº CONGRESSO, “os princípios do centralismo democrático garantem uma intensa vida democrática no Partido, uma orientação única e obrigatória, uma atuação coordenada e uma disciplina que surge natural e espontânea da própria vida partidária.”

       3.4. O centralismo democrático, cimento da unidade do Partido.

             Alguns se admiram que a unidade do PCP se tenha mantido sem qualquer brecha, apesar do processo revolucionário tão irregular e acidentado, com tantas situações extremamente complexas, com tantos momentos de incerteza e perigo, apesar também do incessante crescimento do Partido, que não deixando de ser um partido de quadros é também já um partido de massas.

             Como se explica que todos os outros partidos tenham conhecido numerosas crises internas, divisões, conflitos, demissões e expulsões, afetando as direções e as bases e que, em contraste, o PCP, em constante ascensão e desenvolvendo colossal atividade, tenha mantido absoluta coesão?

             Na unidade do Partido podemos distinguir dois aspetos estreitamente ligados: a unidade político-ideológica e a unidade orgânica.

             A natureza de classe, a solidez dos princípios e a educação marxista-leninista dos seus membros, a correção duma linha política e duma orientação comprovadas pela própria vida são o cimento da unidade político-ideológica do Partido.
             Por seu lado o centralismo democrático é o cimento da sua unidade orgânica.
             O Partido está unido porque existe uma completa e inabalável unidade na sua Direção e uma estreita ligação desta com as organizações e militantes.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Partido e os intelectuais nos anos 40 - O caso Bento de Jesus Caraça por Manuel Gusmão


O Partido e os intelectuais nos anos 40 - O caso Bento de Jesus Caraça

A reorganização do PCP e os seus III e IV Congressos (o I e o II ilegais), realizados respetivamente em 1943 e 1946, marcam a história de Portugal nos anos 40. No prefácio (de 1997) ao Informe Político do Comité Central ao IV Congresso do PCP, Álvaro Cunhal escreve: «A grande maioria dos quadros de direcção que se formaram nos anos da reorganização vinha da classe operária e revelava-se e forjava-se na intervenção directa e destacada em lutas de massas. 


Células do PCP nas empresas - 10

AUTOCOLANTES


quarta-feira, 20 de maio de 2020

3. O CENTRALISMO DEMOCRÁTICO, PRINCÍPIO BÁSICO DE ORGANIZAÇÃO DO PCP

Página 10

(Desenho de Rogério Ribeiro)


             As características fundamentais do estilo de trabalho são:

1º O espírito de classe presente na orientação e na prática política;
2º O trabalho coletivo ligado à responsabilidade individual;
3º A ligação do Comité Central com todo o Partido e dos vários organismos com as bases respetivas;
4º A crítica franca e fraternal e a autocrítica natural e espontânea;
5º A camaradagem, a lealdade, o respeito mútuo, a fraternidade e a solidariedade nas relações entre camaradas;
6º A democracia como princípio, como linha de trabalho, como hábito de conduta, como fator de unidade e disciplina, isto é, como forma natural de viver e atuar no Partido;
7º O respeito pela opinião dos militantes e a participação de todos na elaboração das decisões;
8º A autoridade ganha pelo trabalho e pelo exemplo, não por razões formais;
9º O hábito de respeitar, mas jamais incensar, os dirigentes;
10º A dignificação das tarefas mais modestas;
11º O dinamismo, a energia, o espírito de iniciativa, a dedicação sem limites à causa dos trabalhadores, da democracia, da independência nacional e do socialismo.

             Este estilo de trabalho do PCP foi criado, forjado, corrigido, desenvolvido e aperfeiçoado, antes e depois do 25 de Abril, ao longo dos 99 anos da sua existência, na aprendizagem dos êxitos e dos insucessos, no aferir das experiências positivas e negativas, na formulação de conceitos correspondentes a uma prática cada vez mais rica de democracia interna e na força cada vez mais exaltante e eficaz da unidade do Partido. Tal estilo de trabalho está na raiz de muitos dos sucessos do PCP. Por isso se deve manter e reforçar.

             Mas, por vezes, manifestam-se (ou podem manifestar-se também) tendências negativas que são de combater:

             De combater o estilo de trabalho absorvente e dirigista de camaradas que gostam de fazer tudo, que chamam a si todas as tarefas, que sobrepõem sistematicamente a sua opinião à dos camaradas e organismos inferiores, que intervêm mais como comandantes políticos do que como dirigentes.

             De combater o tipo de controlo individual, que repete, em novas condições, o tipo de “controleiro” que a clandestinidade impunha. As características negativas deste tipo de controlo são fundamentalmente três:

             A primeira -o controlo é entendido como a ida do “controleiro” aos organismos inferiores, quando em muitos casos haveria vantagem em que os responsáveis dos organismos inferiores fossem membros dos organismos superiores ou pudessem ter contactos frequentes com estes:
             A segunda -a existência de um único elo de ligação dos organismos inferiores com os superiores por intermédio do funcionário do Partido, o que prejudica o conhecimento das organizações pelos organismos de direção, tornando mais contingente a transmissão de diretrizes e sujeitando a apreciação dos problemas das organizações aos critérios subjetivistas dos funcionários;
             A terceira –um certo afastamento entre os organismos de direção do Partido e a base, o que constitui um efetivo travão à atividade.


terça-feira, 19 de maio de 2020

A FESTA DO AVANTE


«Quando o Governo proibiu os festivais musicais até ao final de setembro, logo alguns exultaram porque "também" a Festa do Avante! estava proibida. Naturalmente que o PCP reafirmou o óbvio: a Festa não é um simples festival de música dado que junta muitas expressões culturais (cinema, teatro, folclore, pintura, escultura), a ciência, o desporto, a gastronomia, o artesanato e, claramente, a componente política, com comícios, debates, exposições e espaço internacional(ista).

Portanto, uma iniciativa com estas caraterísticas não podia ser enquadrada na categoria de "festivais de música" ou mesmo em "iniciativas de caráter similar". Está, aqui, subjacente um princípio fundamental: não pode haver abertura para as atividades económicas e fecho para as atividades promovidas por uma força política. 

Ou seja, se os restaurantes podem abrir cumprindo determinadas condições, porque não podem abrir os restaurantes da Festa do Avante! nas mesmas condições? Se as salas de cinema e de teatro podem abrir, porque não podem abrir nas mesmas condições o Avanteatro e o espaço cinema da Festa? Se são permitidos concertos em "drive in", porque não se podem fazer do mesmo modo na Festa? Ou seja, um partido que nunca se vergou na luta contra a ditadura, não pode, naturalmente, aceitar que, em pleno regime democrático, se proíbam atividades políticas com caraterísticas semelhantes a outras que não são vedadas à restante sociedade (e, não o esqueçamos, ainda falta mais tempo para a Festa do que aquele que levamos de pandemia...).

Não sei, hoje (e creio que ninguém sabe com absoluta certeza...), se a Festa se realizará. Ou se se realizará num formato diferente, adaptado às condições impostas pela DGS. Isso depende (tal como acontece com tudo o resto) do que se passar nos próximos tempos. Agora tenho uma certeza: a manterem-se as atuais regras de distanciamento físico, a Festa não será a Festa. Porque, independentemente da qualidade dos artistas, da comida, dos diversos e múltiplos eventos, o que torna a Festa única e inigualável é o ambiente que se vive na mesma. E que é um ambiente de fraternidade que não dispensa as genuínas expressões de afetividade. Como os fortes abraços e/ou os beijos pela alegria dos reencontros. Como começar uma refeição ao lado de um desconhecido e terminar a mesma a conversar como se se conhecessem há muito tempo. Ou com a proximidade inerente ao cumprimento, voluntário, das diversas tarefas que garantem o complexo funcionamento da Festa.

Ambiente onde milhares de pessoas que nada têm que ver com o PCP se sentem também bem. O que ajuda a esbater preconceitos anticomunistas. E a disseminar as caraterísticas da sociedade "sem amos" preconizada pelo PCP.

Por isso alguns a querem proibir. Se possível, para sempre...»
Rui Sá, no JN

Sérgio Vilarigues - Destacado dirigente do Partido Comunista Português, Resistente antifascista



O preso 254 (com 19 anos)


Sérgio Vilarigues (com 25 anos)
quando foi libertado do Tarrafal em 1940

(a foto que a PIDE se esqueceu de tirar...)