«Quando o Governo proibiu os festivais musicais até ao final de setembro, logo alguns exultaram porque "também" a Festa do Avante! estava proibida. Naturalmente que o PCP reafirmou o óbvio: a Festa não é um simples festival de música dado que junta muitas expressões culturais (cinema, teatro, folclore, pintura, escultura), a ciência, o desporto, a gastronomia, o artesanato e, claramente, a componente política, com comícios, debates, exposições e espaço internacional(ista).Portanto, uma iniciativa com estas caraterísticas não podia ser enquadrada na categoria de "festivais de música" ou mesmo em "iniciativas de caráter similar". Está, aqui, subjacente um princípio fundamental: não pode haver abertura para as atividades económicas e fecho para as atividades promovidas por uma força política.Ou seja, se os restaurantes podem abrir cumprindo determinadas condições, porque não podem abrir os restaurantes da Festa do Avante! nas mesmas condições? Se as salas de cinema e de teatro podem abrir, porque não podem abrir nas mesmas condições o Avanteatro e o espaço cinema da Festa? Se são permitidos concertos em "drive in", porque não se podem fazer do mesmo modo na Festa? Ou seja, um partido que nunca se vergou na luta contra a ditadura, não pode, naturalmente, aceitar que, em pleno regime democrático, se proíbam atividades políticas com caraterísticas semelhantes a outras que não são vedadas à restante sociedade (e, não o esqueçamos, ainda falta mais tempo para a Festa do que aquele que levamos de pandemia...).Não sei, hoje (e creio que ninguém sabe com absoluta certeza...), se a Festa se realizará. Ou se se realizará num formato diferente, adaptado às condições impostas pela DGS. Isso depende (tal como acontece com tudo o resto) do que se passar nos próximos tempos. Agora tenho uma certeza: a manterem-se as atuais regras de distanciamento físico, a Festa não será a Festa. Porque, independentemente da qualidade dos artistas, da comida, dos diversos e múltiplos eventos, o que torna a Festa única e inigualável é o ambiente que se vive na mesma. E que é um ambiente de fraternidade que não dispensa as genuínas expressões de afetividade. Como os fortes abraços e/ou os beijos pela alegria dos reencontros. Como começar uma refeição ao lado de um desconhecido e terminar a mesma a conversar como se se conhecessem há muito tempo. Ou com a proximidade inerente ao cumprimento, voluntário, das diversas tarefas que garantem o complexo funcionamento da Festa.Ambiente onde milhares de pessoas que nada têm que ver com o PCP se sentem também bem. O que ajuda a esbater preconceitos anticomunistas. E a disseminar as caraterísticas da sociedade "sem amos" preconizada pelo PCP.Por isso alguns a querem proibir. Se possível, para sempre...»Rui Sá, no JN
100 anos de militância a caminho do futuro
1921-2021
terça-feira, 19 de maio de 2020
A FESTA DO AVANTE
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário