JOSÉ BERNARDINO (1935 - 1996)
Destacado dirigente estudantil e do PCP, deu activa e generosa contribuição à
luta pela liberdade e pela democracia, ao logo de toda a sua vida. Desde muito
jovem, José Bernardino foi sensível ao sofrimento dos outros, à sua volta e no
mundo, abrindo-se a generosos ideais de libertação e felicidade humana. Esteve
preso em Peniche durante 7 anos (1).
1. José Manuel Mendonça de Oliveira Bernardino nasceu em Huambo (Angola) e
faleceu aos 62 anos de idade, após prolongada doença, que enfrentou sempre com
grande coragem e serenidade. De uma família de militantes antifascistas e
anticolonialistas, era irmão de David Bernardino e Luís Bernardino, dois
conhecidos médicos nacionalistas angolanos (o primeiro deles barbaramente assassinado
pela UNITA) e de Paulo Bernardino. Tinha também duas irmãs, Carmo e Morena.
Membro do PCP desde 1956 e funcionário do PCP desde 1961, destacou-se ainda
muito novo na luta estudantil. Antes do 25 de Abril foi dirigente da Associação
de Estudantes do Instituto Superior Técnico, da Casa dos Estudantes do Império
e Secretário-geral da RIA (reunião Inter-Associações) em 1960/61. Desde cedo,
integrou os organismos estudantis do PCP, quando ainda eram clandestinos.
Foi em em Vendas Novas, na Escola Prática de Artilharia, que iniciou o Serviço
Militar Obrigatório como cadete. Depois, em Janeiro de 1960, foi colocado como
oficial miliciano no GACA-2, em Torres Novas. Porém, a partir de 1961, José
Bernardino passou a viver na clandestinidade, como quadro funcionário do PCP.
Foi preso em 24 de Maio de 1962, na sequência das grandes lutas académicas e do
1º de Maio. Integrava a comissão do Partido que preparou e organizou a
manifestação do 1.º de Maio (2).
Foi julgado em tribunal Plenário e condenado, cumpriu sete anos de prisão,
tendo saído em liberdade só em 1969. Casou-se com Manuela Cruz Bernardino, na
cadeia do Aljube em 1963, durante a prisão.
Pouco depois da sua libertação, regressou à vida clandestina, como funcionário
do PCP em França.
2. No 25 de Abril encontrava-se como membro da Direcção da Organização Regional
do Norte do PCP. Depois, desempenhou tarefas e exerceu responsabilidades nas
Organizações Regionais do PCP das Beiras e, posteriormente, de Lisboa. Entre
Maio de 1974 e Dezembro de 1996, foi membro do Comité Central. Quando faleceu,
era membro da "Comissão junto do Comité Central para os Assuntos
Económicos".
José Bernardino era, à data da morte, Vice-Presidente e secretário geral da
Associação Iuri Gagarine, antiga Associação Portugal-URSS, a que dedicou as
suas últimas energias para planear a comemoração do 80º aniversário da
Revolução de Outubro.
O funeral de José Bernardino constituiu uma manifestação de profundo pesar em
que estiveram centenas de amigos e camaradas. Participaram o Secretário-geral
do PCP, Carlos Carvalhas, muitos dirigentes e numerosos militantes do partido,
bem como muitos democratas e amigos. O Presidente da República, Jorge Sampaio e
o Embaixador da República de Angola fizeram-se representar. Carlos Aboim
Inglês, em nome do Comité Central do PCP, proferiu palavras de despedida.
(1) Palavras de Carlos Aboim Inglês no seu funeral: « Homem de Partido, sem
dúvida, vertical e desassombrado, José Bernardino possuía uma rara capacidade
de diálogo e convergência largamente unitária. Foi homem de firmes convicções,
mas não sectário; exigente consigo e com os outros, mas profundamente generoso.
Por isso mesmo foi um homem de muitos e bons amigos e leal amigo de todos eles,
dentro e fora do Partido.»
(2) Preso com José Magro e outros camaradas seus, foi violentamente torturado
não tendo prestado à polícia quaisquer declarações.
Biografia da autoria de Helena Pato
Fontes:
http://www.omilitante.pcp.pt/pt/317/Efemeride/677/No-50%C2%BA-anivers%C3%A1rio-do-24-de-Mar%C3%A7o.htm
http://www.avante.pt/arquivo/1236/3603c2.htmlhttp://www.avante.pt/arquivo/1236/3603c2.html
http://memoriasdopresente.blogspot.pt/2013_06_02_archive.html
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