ROGÉRIO PAULO (1927 – 1993)
Actor e encenador, figura destacada da cena teatral portuguesa na segunda
metade do século XX, membro do PCP desde 1953, candidato da Oposição
Democrática às eleições fascistas de 1957 (e por isso durante muitos e muitos anos
afastado da Emissora Nacional e da RTP), colaborou na «fuga de Peniche» em 3 de
Janeiro de 1960.
1. Rogério Paulo nasceu em Angola a 17 de Novembro de 1927 e morreu em Lisboa a
25 de Fevereiro de 1993.
Foi um encenador e actor português com presença marcante em Portugal desde a
década de cinquenta, no teatro e no cinema. É conhecida dos antifascistas que
viveram na Ditadura a actividade política dete actor militante, já que foi um
cidadão politicamente activo desde a juventude, acérrimo opositor do regime
fascista de Oliveira Salazar e de Caetano.
Em 1957 integra as listas da Oposição Democrática. Durante a ditadura nunca
assumiu publicamente a sua ligação ao Partido Comunista Português, do qual foi
militante desde 1953 (atitude preconizada pelas organizações clandestinas, para
defesa da repressão fascista).
Quando Marcelo Caetano ascende ao poder, redige um documento, assinado por
cento e setenta actores, que protesta contra o estado do teatro em Portugal e
contra a censura, que há muito impedia a liberdade de expressão, espartilhando
a criação artística no país.
Tanto no teatro como no cinema foi riquíssima a sua actuação, apesar dos
impedimentos constantes que lhe eram impostos pelo regime.
Ainda aluno do Conservatório Nacional, junta-se em 1950 à Companhia Rey
Colaço-Robles Monteiro. Trabalha com Amélia Rey Colaço, Palmira Bastos,
Nascimento Fernandes e Maria Matos. Estréia-se no cinema em A Garça e a
Serpente (1952). Adquire estatuto de “galã” na comédia O Costa de África (1954)
e contracena com Vasco Santana, Laura Alves, Anna Paula e Ribeirinho.
Desde «A Garça e a Serpente» (1952), em cinema, ao «O Judeu» (1996) de
Santareno, em teatro - que teria sido o seu último trabalho - as suas
encenações e interpretações de relevo foram às dezenas.
Detentor de enorme cultura, é autor de «Um Actor em Viagem», escrito em Cuba
entre 1970 e 1972, em que descreve a grande evolução do teatro cubano depois de
Fidel.
Iniciou a sua actividade artística no Teatro Estúdio do Salitre, sob a direcção
de Gino Saviotti e cedo entrou para o elenco do Teatro Nacional. Quando o
governo de então decidiu afastá-lo, Rogério Paulo não interrompeu nem a sua
actividade política nem a sua carreira de actor.
O estrangeiro abriu-lhe sempre as portas, ao mais alto nível, não só na sua
qualidade de actor como de encenador. Mas foi em Cuba onde mais se expandiu. Aí
foi acolhido pela Casa das Américas, como se fosse cubano.
Esteve no Teatro Villaret, em 1968, após uma digressão pela Bélgica, onde
fizera Shakespeare e encenara «A Balada do Grande Macabro», de Ghelderode.
Nutrindo o maior apreço pelo teatro de amadores, entendia que a sua principal
função era contribuir para a divulgação do Teatro, inclusivamente na preparação
de espectadores para o teatro profissional. A sua primeira encenação tinha sido
levada a cabo num grupo de amadores, a muito conhecida Sociedade Guilherme
Cossoul, em Lisboa. Encenou três peças no Teatro Experimental do Porto e foi
sócio do CCT/TEP: as duas primeiras na temporada de 1962/1963; a última em
1984.
Destaca-se em filmes como O Crime da Aldeia Velha (1964), de Manuel Guimarães,
A Recompensa (1979), de Arthur Duarte, Verde por Fora, Vermelho por Dentro
(1980), de Ricardo Costa e Sem Sombra de Pecado (1983), de José Fonseca e
Costa. Na televisão fica marcada a sua passagem com o personagem ‘’Mimoso das
Sardinhas’’ na telenovela Chuva na Areia (1985).
2. Entre 1975 e 1976 é deputado do PCP na Assembleia da República, a primeira
eleita em liberdade depois da revolução.
Sonha com a Revolução socialista, com a igualdade social. A Revolução dos
Cravos dá-lhe asas ao sonho. Tenta realizar ideais que dignifiquem os
desfavorecidos, como o do cooperativismo. No seu reino, o do teatro, passa à
acção e estabelece solidárias relações com actores de intervenção, como o cubano
Alfonso Sastre.
3. Desempenhou inúmeros papéis como actor em Teatro, Cinema, séries e cinema
TV, de que deixamos registo:
1996 O Judeu, 1993 Zéfiro, 1992 O Luto de Electra, 1992 Nápoles Milionária,
1992 Soluna, 1989 Ricardina e Marta, 1989 Crime à Portuguesa ,A Morte do
Presidente (1989), Um Caso Melindroso (1989), O Analgésico Assassino (1989),
Big Boss (1989), Picada de Víbora (1989), 1988 Ceia de Natal, 1988 Os Homens da
Segurança, 1987 A Relíquia, 1987 Mãe Coragem e os Seus Filhos, 1986 Resposta a
Matilde , 1984 Chuva na Areia, 1983 Le cercle des passions, 1983 Origens,
Silvestre (1983-1984), 1983 Sem Sombra de Pecado, 1982 La guérilléra, 1981
Violación inconfesable, 1980 Retalhos da Vida de um Médico, 1980 Verde por
Fora, Vermelho por Dentro, 1980 Le soleil en face, 1979 O Convidado Debaixo da
Mesa , 1979 A Recompensa, 1975 24, 25, 26 , 1975 Português, Escritor, 45 Anos
de Idade , 1975 Juan Palmieri, 1974 A Morte de um Caixeiro Viajant, 1974
Platonov, 1971 O Anfitrião ou Júpiter e Alcmena, 1970 Millionen nach Maß,
Bitte, zur Kasse (1970), 1969 Trilogia das Barcas, 1969 Othelo, 1964 O
Triângulo Circular, 1964 O Crime da Aldeia Velha, 1962 L'anglaise , 1962 O
Elixir do Diabo, 1960 Encontro com a Vida, 1957 Um Pedido de Casamento, 1954 O
Costa d'África, 1952 A Garça e a Serpente.
Em 1963 foi-lhe atribuído, tal como a Laura Alves, o Prémio da Imprensa (Teatro
Moderno de Lisboa, em peça de Bernardo Santareno). Em 1990, ao fazer quarenta
anos de vida teatral, recebe a Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo
Governo.
Biografia da autoria de Helena Pato
Fontes:
http://www.avante.pt/pt/1755/temas/20536/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rog%C3%A9rio_Paulo
http://www.imdb.com/name/nm0667260/
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