100 anos de militância a caminho do futuro

1921-2021

sábado, 22 de agosto de 2020

Artistas da Festa do «Avante!» 2020


 
21 Agosto 2020
 
Espaço e tempo

 


Agostinho Lopes, Membro do Comité Central do PCP


21 Agosto 2020




Nada
é verdadeiramente novo na brutal e mentirosa campanha contra a Festa do
Avante!. A não ser o ponto de partida, a instrumentalização da Covid
para vector da renovação dos ataques à Festa.



O espaço da Festa do Avante! em tempo de pandemia.




Em
1976, uma potente bomba tentou liquidar a Festa que então nascia ali na
FIL, na Junqueira. A extrema-direita não nasceu com o Chega. Aliás,
dá-se até o caso de uma interessante coincidência e continuidade com a
personagem que é hoje a segunda figura e putativo deputado dessa
organização pertencer então ao MDLP, autor desse operação terrorista.
Mas a Festa ultrapassou o acontecimento.





Da
FIL a Festa foi admitida no Vale de Jamor. A aspereza e dimensão do
espaço/terreno era a expectativa de alguns para enterrar a Festa nesse
ano de 1977. O êxito enorme, com a participação de milhares de
portugueses de todos os recantos do país, repetiu-se no ano seguinte.
Mas não, não podia ser. Não suportavam tal acontecimento político do PCP
e comunistas às portas de Lisboa. E vai de atirá-los para mais longe,
para espaço/terreno por desbravar que pudesse fazer o que o Vale do
Jamor não conseguiu.





E
lá mudou a Festa para o Alto da Ajuda no Casalinho, em plena Mata de
Monsanto. Muita pedra, muito mato a revolver e limpar. Novamente muitos
problemas técnicos – sistemas de águas, electrificação, resíduos, etc. –
e vultuosos custos e dificuldades pela exiguidade do tempo disponível.
Mas envolvia-a a paisagem magnífica, com vista lá do alto, de Lisboa, do
Tejo, da Margem Sul, da Ponte. E que festas aí se desenrolaram, mas
não, não podia ser! E então um inefável homem do CDS, Krus Abecassis,
presidente da CM de Lisboa, descobriu com a direita com que governava a
autarquia (PSD+PPM) outra utilização para aquele espaço.



Escarmentado
pelas experiências anteriores, desta vez não propôs espaço/terreno
alternativo. Que se arranjassem… – a modos de quem esvazia a água aos
peixes para afogar os comunistas. E em 1987 não houve Festa. Parecia que
a direita tinha dado o bote fatal naquela incómoda festa comunista.
Conheciam-nos mal.





Foi
curto o intervalo. Em 1988 desbravou-se novo espaço/terreno no Vale de
Loures, onde se repetiu a Festa de 1989. A dimensão dos eventos mostrou e
demonstrou que a interrupção tinha sido noite de pouca dura e nenhum
efeito no ânimo e confiança militante. Mas havia que pôr fim aos
sobressaltos anuais com o espaço. Sem o pretenderem, os inimigos da
Festa empurraram o PCP para uma solução que nunca, nem nos seus piores
prognósticos, julgaram que viria a acontecer: um espaço próprio e com
qualidade superlativa.





Na
última Festa em Loures, 1989, Álvaro Cunhal anuncia na cerimónia de
Abertura, a compra da Quinta da Atalaia, no Seixal, e uma Campanha
Nacional de Fundos como o país nunca viu, que veio a ter a participação
de muitos milhares de portugueses, comunistas, amigos do PCP, gente sem
partido e de outros partidos que não quiseram deixar de “comprar” uns
metros quadrados da terra da Atalaia para que a Festa tivesse o espaço
que merecia, com a segurança de ser terra comunista aberta a todos os
homens e mulheres que a quisessem desfrutar.





Espaço,
que na paisagem magnífica  da sua envolvente, a Bacia do Seixal, ficou
enriquecido com a compra dos terrenos da Quinta do Cabo, anexos à
Atalaia, após outra notável campanha de fundos.  Pensar que tudo ficaria
resolvido com este espaço próprio seria não contar com o ódio de
estimação e o anticomunismo congénito. Mudaram de táctica e de
instrumentos mas não desistiram dos objectivos.





Campanhas
contra as autarquias CDU e de outras maiorias partidárias que, numa
visão de cidadania, democracia e valores de Abril, se solidarizaram com a
Festa (como aliás acontece desde a primeira na FIL), colaborando com
equipamentos, serviços, e outros apoios. Aliás, como muitas outras
entidades públicas e privadas sempre transparentemente nomeadas para o
agradecimento do grande Comício da Festa.





Uma
Lei para as contas dos partidos segundo projecto do PSD, onde constam
normas especificamente dedicadas à Festa do Avante!. Entre outras
manigâncias, estabeleceu um tecto para as receitas das festas
partidárias, o que, como bem se entende, só podia atingir a Festa o
Avante!, procurando impor por limitação administrativa o número de
participantes. Dado não terem nunca esclarecido o que faria o PCP à
receita excedentária, então teria de a controlar por redução de
entradas. (Não foi só agora, a propósito da Covid, que avançaram
projectos contra a Festa na Assembleia da República!).





Mas
há outro espaço que persegue a Festa do Avante! em todo os tempos: o
espaço mediático. O espaço que nunca existe para a notícia e a
informação do notável evento dos comunistas, dos seus espectáculos, dos
seus debates culturais e políticos, da sua Bienal de Arte, das suas
mensagens políticas, das imagens das assistências maciças aos comícios,
da sua feira do livro e encontros de apresentação de livros com os
autores. Há jornais que no dia seguinte aos grandes comícios de domingo
não conseguem apresentar uma fotografia ou notícia do mesmo.





Mas
há espaço que se multiplica nas televisões, rádios e jornais para
críticas verrinosas, falsidades e calúnias, focagens distorcidas,
parciais, concentradas na imagem e palavra que demonstre o que se quer
demonstrar. Amarradas ao faits divers e à anedota. Durante
anos, a Festa do Avante! era uma festa de velhinhos… e a “caça
mediática” aos idosos presentes justificava a tese. Mesmo que milhares
de jovens povoassem todos os espaços…





Houve
a notícia de um jornal de referência de uma jornalista de referência
(“Público”) que descobriu numa das Festas da Atalaia que os comunistas
reduziram o espaço da plateia do palco 25 de Abril, movimentando o
enorme palco de betão, fazendo-o avançar, para empolar a imagem do
número de participantes no comício… Pode ser que este ano veja o
movimento contrário para garantir o «distanciamento social»…





Espaço
que nunca falta para a vontade, nunca ocultada, de desfigurar a Cidade
Internacional. Em vez de lugar das lutas dos povos pelo bem-estar e
progresso dos seus países, de internacionalismo solidário e de paz, um
lugar fabricado à imagem e semelhança das suas notícias, imagens e
comentários das ofensivas do imperialismo e forças reaccionárias,
espezinhando a soberania das nações, violando acordos e pactos
internacionais, explorando e saqueando os seus recursos e riquezas,
câmaras de eco das centrais de (des)informação e propaganda do capital.





Espaço
que agora não falta para semear o pânico e a mentira a propósito da
realização da Festa em Setembro. E que já leva uns meses de cantochão.





Na
abordagem da Festa do Avante!, os media dominantes não são cegos, são
vesgos, não são surdos, são moucos, só ouvem o querem, não são mudos mas
têm a língua bífida das serpentes.



As
gentes de boa fé, os comunistas e os não comunistas, com dúvidas,
oposições e críticas à realização da Festa do Avante! em Setembro, não
se esqueçam nem se enganem. Nada é verdadeiramente novo na brutal e
mentirosa campanha contra a Festa do Avante!. A não ser o ponto de
partida, falso com que justificam as suas invectivas. Nada representa
verdadeiras preocupações pela saúde pública, antes a instrumentalização
da Covid para vector da renovação dos ataques à Festa.





Não
tem hora nem descanso, se dizia da picada do licranço. Bem se pode
dizer dessa sanha anticomunista contra a Festa do Avante!. A imagem de
uma Festa construída pela militância comunista e de muita outra gente
solidária, imagem de um país que se quer de trabalho e sem exploração,
de igualdade e justiça social, de fraternidade e solidariedade, de
alegria e combate democrático, de patriotismo e internacionalismo, cega a
direita. Apagá-la é um desígnio político e de classe jamais esquecido.





Os
comunistas têm pela saúde do seu povo e pelo SNS travado duras e
históricas lutas. Não são irresponsáveis, aventureiros, ou provocadores
com cérebros enfunados por ventos ideológicos. Nada em cuidados e
medidas de protecção necessárias deixarão de ser tomados ou faltarão.
Com a colaboração da DGS. Como já é patente. E bem ao contrário de
muitas outras coisas que vão acontecendo no país.

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