100 anos de militância a caminho do futuro

1921-2021

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

ALEXANDRE BABO (1916-2007)


 ALEXANDRE BABO (1916-2007)

Advogado que se destacou como antifascista, sempre na primeira linha dos combates contra a ditadura, e foi um invulgar dinamizador cultural, escritor e um dramaturgo de assinalável mérito.

1. Alexandre Babo ingressou em 1933 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, licenciando-se em 1939. Foi desde muito novo militante antifascista e democrata. Em 1936, na clandestinidade, foi iniciado na Maçonaria, fazendo parte da Acção Anticlerical e Antifascista e do Bloco Académico Antifascista, onde lutou contra o salazarismo. Em 1941 fundou com Amaral Guimarães e Abílio Mendes as Edições Sirius que tiveram uma importante contribuição cultural. Após a Segunda Guerra Mundial, vai para Paris como delegado da revista Mundo Literário (1946-1948). 

 
Em 1943 ingressou no Partido Comunista Português. Como advogado interveio nos julgamentos do Tribunal Plenário do Porto e no Supremo Tribunal de Justiça em defesa de acusados políticos. Fez parte do Conselho do Porto do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e da Comissão Distrital da Campanha do General Norton de Matos.

2. Enquanto exercia advocacia no Porto, ligou-se ao TEP (Teatro experimental do Porto), tendo sido o primeiro Presidente da Direcção eleito, dias depois de aderir, em 1952. (*). Em Londres foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e, posteriormente, em 1960, foi correspondente do Jornal de Notícias e cronista da BBC. Também em 1960, contribuiu para a fundação do Teatro Moderno do Clube Fenianos Portuenses junto com Luís de Lima e Fernando Gaspar. Foi director do Círculo de Cultura Teatral e em 1964, de volta a Lisboa, fundou O Palco, Clube de Teatro. Fez crítica de teatro durante dez anos.

Entre 1961 e 1965 foi colaborador permanente do Jornal de Notícias, com uma crónica às segundas-feiras. Desde 1965 exerceu advocacia em Lisboa. No campo das letras dedicou-se ao teatro, à ficção, à crítica, ao jornalismo e à tradução.
Foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Escritores, em 1973, tendo sido sócio honorário daquela associação e cooperante da Sociedade Portuguesa de Autores desde 1977. Foi co-fundador da Liga Para o Intercâmbio Cultural Social Científico com os Povos Socialistas, da Associação Portugal-URSS. Com outros, ajudou a fundar a Associação Portugal-RDA, sendo seu secretário-geral até à unificação das duas alemanhas.

Várias das suas obras foram proibidas pela censura da PIDE. Recebeu a medalha de mérito cultural da Câmara Municipal de Cascais, Concelho onde vivia. Faleceu aos 91 anos, deixando vários textos inéditos.
Foi homenageado, juntamente com todos os advogados de presos políticos do regime fascista, pelo Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM), em sessão realizada na Assembleia da República, em 2014.

Helena Pato

 

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