ALEXANDRE
BABO (1916-2007)
Advogado que se destacou como antifascista, sempre na
primeira linha dos combates contra a ditadura, e foi um invulgar dinamizador
cultural, escritor e um dramaturgo de assinalável mérito.
1. Alexandre Babo ingressou em 1933 na Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa, licenciando-se em 1939. Foi desde muito novo
militante antifascista e democrata. Em 1936, na clandestinidade, foi iniciado
na Maçonaria, fazendo parte da Acção Anticlerical e Antifascista e do Bloco
Académico Antifascista, onde lutou contra o salazarismo. Em 1941 fundou com
Amaral Guimarães e Abílio Mendes as Edições Sirius que tiveram uma importante
contribuição cultural. Após a Segunda Guerra Mundial, vai para Paris como
delegado da revista Mundo Literário (1946-1948).
Em 1943 ingressou no Partido Comunista Português. Como
advogado interveio nos julgamentos do Tribunal Plenário do Porto e no Supremo
Tribunal de Justiça em defesa de acusados políticos. Fez parte do Conselho do
Porto do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e da Comissão Distrital da
Campanha do General Norton de Matos.
2. Enquanto exercia advocacia no Porto, ligou-se ao TEP
(Teatro experimental do Porto), tendo sido o primeiro Presidente da Direcção
eleito, dias depois de aderir, em 1952. (*). Em Londres foi bolseiro da
Fundação Calouste Gulbenkian e, posteriormente, em 1960, foi correspondente do
Jornal de Notícias e cronista da BBC. Também em 1960, contribuiu para a
fundação do Teatro Moderno do Clube Fenianos Portuenses junto com Luís de Lima
e Fernando Gaspar. Foi director do Círculo de Cultura Teatral e em 1964, de
volta a Lisboa, fundou O Palco, Clube de Teatro. Fez crítica de teatro durante
dez anos.
Entre 1961 e 1965 foi colaborador permanente do Jornal de
Notícias, com uma crónica às segundas-feiras. Desde 1965 exerceu advocacia em
Lisboa. No campo das letras dedicou-se ao teatro, à ficção, à crítica, ao
jornalismo e à tradução.
Foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de
Escritores, em 1973, tendo sido sócio honorário daquela associação e cooperante da Sociedade
Portuguesa de Autores desde 1977. Foi co-fundador da Liga Para o Intercâmbio
Cultural Social Científico com os Povos Socialistas, da Associação
Portugal-URSS. Com outros, ajudou a fundar a Associação Portugal-RDA, sendo seu
secretário-geral até à unificação das duas alemanhas.
Várias das suas obras foram proibidas pela censura da
PIDE. Recebeu a medalha de mérito cultural da Câmara Municipal de Cascais,
Concelho onde vivia. Faleceu aos 91 anos, deixando vários textos inéditos.
Foi homenageado, juntamente com todos os advogados de
presos políticos do regime fascista, pelo Movimento Cívico Não Apaguem a
Memória (NAM), em sessão realizada na Assembleia da República, em 2014.
Helena
Pato
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