ADOLFO
TEIXEIRA PAIS (1912 - ?)
Militante
das Juventudes Comunistas, Adolfo Pais, referenciado como "O Cantador de
Fado" ou "O Diabo", foi preso por quatro vezes (1933, 1935, 1936
e 1952) e passou nove anos no Tarrafal.
Filho de Ana
Joaquina Teixeira e de Germano Pais, Adolfo Teixeira Pais nasceu em 7 de Julho
de 1912, em Lisboa.
Empregado no comércio, militava nas Juventudes Comunistas e integrava a Célula
N.° 47 do Comité de Zona N.° 4, tendo, anteriormente, pertencido à Célula N.°
46.
Este Comité reunir-se-ia às terças-feiras, pelas 21 horas, no Jardim da Parada,
em Campo de Ourique e Adolfo Teixeira Pais desempenharia as funções de
Secretário da Comissão de Organização, composta, entre outros, por Manuel dos
Santos, "O Manuel da Fonte Santa", e Virgínio de Jesus Luís.
Segundo o seu Cadastro Político [ANTT, Cadastro Político 5210], também
assistiria às reuniões que se efectuavam às segundas-feiras, à esquina do Café
Itália ou à porta do Coliseu, com a Comissão Regional e onde estavam presentes
os delegados das outras Zonas: Cintra, pela Zona N.° 1, Luna pela número 3,
ele, pela N.° 4, e um tal Liberto ou Ferreira, da Comissão Regional.
Integrou o grupo que, em 20 de Janeiro de 1933, distribuiu manifestos
clandestinos à porta das Oficinas Gerais da CML, na Rua 24 de Julho -
Alcântara, entregues por Virgínio de Jesus Luís, enquanto Manuel dos Santos
discursava no comício relâmpago então efectuado.
Finda a reunião do Comité de Zona N.° 4 realizada em 24 de Janeiro de 1933, os
intervenientes foram abordados na rua por dois guardas da PSP, tendo, na
sequência de um tiro e do ferimento de um dos agentes, Adolfo Teixeira Pais
fugido com Manuel dos Santos.
Adolfo Pais seria preso em casa pela PSP, levado para o Governo Civil e,
depois, entregue à Polícia de Defesa Política e Social [Processo 626].
Considerado «elemento bastante activo e perigoso», foi julgado pelo Tribunal
Militar Especial em 2 de Março de 1934 e condenado a 600 dias de prisão
[Processo 31/933 do TME].
Libertado em 21 de Dezembro, voltou a ser preso no ano seguinte, em Abril de
1935, quando era soldado. A ordem do Ministro da Guerra indicava que devia ser
entregue à PVDE, tendo, em 24 de Abril de 1935, o Regimento de Artilharia de
Costa N.° 1 - Trafaria confiado o soldado recruta Adolfo Teixeira Pais
[Processo 1455].
Levado para a 1.ª Esquadra, foi transferido para Peniche em 16 de Maio, «em
virtude de ter sido um dos principais autores duma insubordinação levada a
efeito no calabouço N.° 6 do Governo Civil». Licenciado da tropa em 21 de
Junho, voltou para os calabouços do Governo Civil em 12 de Julho, sendo
libertado em 22 do mesmo mês.
No ano seguinte, em 19 de Fevereiro de 1936, voltaria a ser preso, «enquanto
comunista», pela Secção Política e Social da PVDE. Permaneceu numa esquadra até
ser levado, em 15 de Abril, para Peniche e, em 14 de Outubro, já estava em
Caxias, antecâmara da deportação para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde
integraria a primeira leva de presos políticos e ficaria por 9 anos [Processo
625/36].
Abrangido pela amnistia de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa em 1 de
Fevereiro de 1946, saindo em liberdade e ido viver para a Rua Convento da
Encarnação 43 - 3.°.
Referenciado como electricista, Adolfo Teixeira Pais voltaria a ser preso, pela
última vez, em 18 de Agosto de 1952, «por emigração clandestina». Recolheu à
Cadeia de Castelo de Vide, sendo julgado pelo Tribunal daquela Comarca
[Processo 840/952].
Fontes:
ANTT, Cadastro Político 5210 [Adolfo Teixeira Pais / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_,
m0205, m0205a, m0205b, m0205c].
ANTT, Registo Geral de Presos 896 [Adolfo Teixeira Pais /
PT-TT-PIDE-E-010-5-896].
[João Esteves /
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