100 anos de militância a caminho do futuro

1921-2021

domingo, 4 de outubro de 2020

RUI NEPOMUCENO (n. 1936)

RUI NEPOMUCENO (n. 1936)


Cidadão da Resistência, jurista, historiador e escritor, destacou-se desde jovem pelos ideais humanistas, vindo a prestigiar-se na Madeira quer como advogado, quer como activista político.


Militante activo do Partido Comunista Português, Rui Nepomuceno é um apaixonado da política regional. Homem da Cultura, mantém um espírito vivo e uma criatividade sem limites, apesar da vida atribulada que enfrentou, primeiro em África e depois na luta contra o fascismo e bombistas da Flama.

1. Rui Firmino Faria Nepomuceno nasceu a 10 de Maio de 1936, em Santa Maria Maior, Funchal, Ilha da Madeira. É filho de um industrial, João Nepomuceno, e de Maria da Paixão de Faria Nepomuceno; e casado com Aida Nepomuceno.
Frequentou o curso liceal no Liceu Nacional do Funchal e no Colégio Almeida Garrett, da cidade do Porto. Licenciou-se em Ciências Jurídicas na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em 1965. Participou então activamente nas lutas académicas contra a ditadura mas em 1958 tinha já militado no apoio às candidaturas à presidência da República do Dr. Arlindo Vicente e, depois, do General Humberto Delgado. De 1961 a 1963 interrompeu o curso universitário e combateu no Norte de Angola, onde foi segundo-comandante da Companhia de Caçadores n.º 167 e, mais tarde, comandante dessa unidade. Foi em Angola que teve as primeiras ligações com o PCP, colaborando com o poeta e militante antifascista Manuel Alegre numa conjura contra o Colonialismo e pela Democracia. Em 1962 aderiu ao Partido Comunista Português.

Obtida a licenciatura em Direito foi para o Funchal, onde desenvolveu uma vasta actividade profissional, política e desportiva. [Apaixonado pelo “União”, presidiu à direcção entre 72 e 74]. Ainda em 1965 iniciou no Funchal a sua carreira de advocacia e ligou-se à Secção da Madeira da Ordem dos Advogados.


Em 1969 subscreveu a histórica «Carta a Um Governador», que além de enunciar críticas ao regime reivindicava a Democracia e a Autonomia Política para o Arquipélago da Madeira (1).

Após o 25 de Abril de 1974 empenhou-se na organização do Partido Comunista na Madeira. Foi deputado da CDU à Assembleia Legislativa Regional, em 1993, e autarca das Assembleias de Freguesia de Santo António e de São Martinho no Funchal.
Em 2005, foi eleito Presidente da Assembleia Geral da Associação de Escritores da Madeira.
Foi conselheiro da Ordem dos Advogados (com Alcino Barreto), na década de 1980; em 1992, foi eleito membro do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados da Madeira e, e em 2002, Vice-Presidente do Conselho Deontológico dessa Ordem.

2. Prémios e Condecorações:

Em 2009, foi agraciado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo seu percurso e obra cultural. Em 2010, foi distinguido com a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados Portugueses, pelo seu elevado mérito e honorabilidade no exercício da advocacia, e ainda pelos relevantes serviços à Ordem e na defesa da advocacia e do Estado de Direito. Em 2012, foi galardoado com a Medalha de Mérito Cultural Jorge Amado, do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais, pelos grandes serviços à Cultura. Em 2015, foi condecorado com a Insígnia Autonómica de Valor (cordão), da Região Autónoma da Madeira, pelo desempenho e virtudes profissionais.

3. Para além da vida política e da vida profissional, é um devoto da pesquisa e da escrita, contando com a publicação de vários títulos sobre a história autonómica da Madeira. Rui Nepomuceno, que sempre demonstrou interesse pela História, sobretudo pela História da Madeira, investiga, escreve e publica.
Além de autor de diversos livros, foi colunista do Diário de Notícias do Funchal e integrou o painel de opinião do Funchal Notícias. Na internet tem um blogue com o seu nome.

Nas obras publicadas, abordando a história política, económica e social madeirense, destacamos:
2003, Editorial eco do Funchal, Uma perspectiva da História da Madeira, editora O Liberal; 1994, Editorial Caminho, As crises de Subsistência na História da Madeira; 2006, Editora Campo das Letras, História da Madeira Uma Visão Actual; 2007, Editora Caminho, A Conquista da Autonomia da Madeira; 2008, em Funchal 500 anos, A Madeira Vista Por Escritores Portugueses (Séculos XIX e XX).

Escreveu vários artigos de carácter histórico, literário, político e sociológico, nomeadamente no «Comércio do Funchal», no «Diário de Notícias», e nas revistas «Islenha», «Margem» e «Ilharq»: •A vida e obra de Francisco Álvares de Nóbrega / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - ISSN 0872-5004. - Nº 42 (Jan.-Jun. 2008); •O dia último e o gosto da liberdade / Rui Nepomuceno In: Margem 2. - Funchal. - N.º 25 (Dezembro 2008); •A época e a obra de Manuel Álvares / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - ISSN 0872-5004. - Nº 45 (Jan. - Jun 2008); •A revolução democrática da Madeira de 1931 / Rui Faria Nepomuceno In: Revista Diário. - Funchal. - 15 a 22 de Abril 2001; •Papel do Funchal na expansão portuguesa / Rui Nepomuceno In: Revista Diário. - Funchal. - 14 a 20 de Abril de 2002; •A canga e o movimento neo-realista português / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 30 (Jan. - Jun. 2002); •O arquipélago da Madeira na vida e obra de Ferreira de Castro / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 31 (Jul. - Dez. 2002); •As quintas rurais madeirenses na obra de Maria Lamas / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 34 (Janº - Junho 2005); •A Primeira República na Madeira / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - N.º 47 (Jan./Jun. 2010); •Do Porto Santo ao Funchal na obra de Maria Lamas / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 37 (Jul. - Dez. 2005); •A Madeira na vida de Norton de Matos / Rui Nepomuceno In: Margem 2. - Funchal. - N.º 18 (Dez. 2004); •A Madeira na vida e obra de Júlio Dinis / Rui Nepomuceno In: Margem 2. - Funchal. - N.º 19 (Maio 2005).

Notas:

(1) Documento que fez história em 1969 pela sua ousadia face ao regime. Em Abril de 1969, correndo todos os riscos que se conhecem, 39 cidadãos portugueses naturais da Madeira subscreveram este documento, dirigida a Braancamp Sobral, governador do então Distrito Autónomo do Funchal. Nesse texto, hoje histórico (e para cuja génese e elaboração foi decisiva a acção dinâmica de dois importantes núcleos de acção cívica e política no Arquipélago (o "Grupo do Pombal", de activistas católicos progressistas, e o grupo do jornal "Comércio do Funchal", de carácter não confessional), era exigida democracia e autonomia, com tudo o que isso implicava à época, tendo alguns dos seus subscritores, em Outubro desse ano, integrado listas oposicionistas nas eleições para a Assembleia Nacional.

(2) Ao analisar os ensaios históricos do autor Rui Nepomuceno, Urbano Tavares Rodrigues salientou o «escrúpulo da investigação rigorosa e exaustiva, a clareza, e a elegância da escrita», referindo que "nunca uma documentação tão rica e variada foi seleccionada e reunida em obra, que, como esta, reconstitui o verdadeiro rosto da Madeira e do seu povo, através do tempo”.



Biografia da autoria de Helena Pato

http://ruinepomuceno.blogspot.pt/2010/02/test1.html
http://a24news.blogs.sapo.pt/sobre-rui-nepomuceno-469373
http://www.bprmadeira.org/index_digital.php?IdSeccao=442
https://funchalnoticias.net/…/rui-nepomuceno-o-homem-de-cu…/
Saber Madeira : magazine de informação. - Funchal. - A. 15, N.º 1

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