RUI
NEPOMUCENO (n. 1936)
Cidadão da Resistência, jurista, historiador e escritor, destacou-se desde
jovem pelos ideais humanistas, vindo a prestigiar-se na Madeira quer como
advogado, quer como activista político.
Militante activo do Partido Comunista Português, Rui Nepomuceno é um apaixonado
da política regional. Homem da Cultura, mantém um espírito vivo e uma
criatividade sem limites, apesar da vida atribulada que enfrentou, primeiro em
África e depois na luta contra o fascismo e bombistas da Flama.
1. Rui Firmino Faria Nepomuceno nasceu a 10 de Maio de 1936, em Santa Maria
Maior, Funchal, Ilha da Madeira. É filho de um industrial, João Nepomuceno, e
de Maria da Paixão de Faria Nepomuceno; e casado com Aida Nepomuceno.
Frequentou o curso liceal no Liceu Nacional do Funchal e no Colégio Almeida
Garrett, da cidade do Porto. Licenciou-se em Ciências Jurídicas na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, em 1965. Participou então activamente nas
lutas académicas contra a ditadura mas em 1958 tinha já militado no apoio às candidaturas
à presidência da República do Dr. Arlindo Vicente e, depois, do General
Humberto Delgado. De 1961 a 1963 interrompeu o curso universitário e combateu
no Norte de Angola, onde foi segundo-comandante da Companhia de Caçadores n.º
167 e, mais tarde, comandante dessa unidade. Foi em Angola que teve as
primeiras ligações com o PCP, colaborando com o poeta e militante antifascista
Manuel Alegre numa conjura contra o Colonialismo e pela Democracia. Em 1962
aderiu ao Partido Comunista Português.
Obtida a licenciatura em Direito foi para o Funchal, onde desenvolveu uma vasta
actividade profissional, política e desportiva. [Apaixonado pelo “União”,
presidiu à direcção entre 72 e 74]. Ainda em 1965 iniciou no Funchal a sua
carreira de advocacia e ligou-se à Secção da Madeira da Ordem dos Advogados.
Em 1969 subscreveu a histórica «Carta a Um Governador», que além de enunciar
críticas ao regime reivindicava a Democracia e a Autonomia Política para o
Arquipélago da Madeira (1).
Após o 25 de Abril de 1974 empenhou-se na organização do Partido Comunista na
Madeira. Foi deputado da CDU à Assembleia Legislativa Regional, em 1993, e
autarca das Assembleias de Freguesia de Santo António e de São Martinho no
Funchal.
Em 2005, foi eleito Presidente da Assembleia Geral da Associação de Escritores
da Madeira.
Foi conselheiro da Ordem dos Advogados (com Alcino Barreto), na década de 1980;
em 1992, foi eleito membro do Conselho Distrital da Ordem dos Advogados da
Madeira e, e em 2002, Vice-Presidente do Conselho Deontológico dessa Ordem.
2. Prémios e Condecorações:
Em 2009, foi agraciado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem do
Infante D. Henrique, pelo seu percurso e obra cultural. Em 2010, foi
distinguido com a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados Portugueses, pelo seu
elevado mérito e honorabilidade no exercício da advocacia, e ainda pelos
relevantes serviços à Ordem e na defesa da advocacia e do Estado de Direito. Em
2012, foi galardoado com a Medalha de Mérito Cultural Jorge Amado, do Instituto
Brasileiro de Culturas Internacionais, pelos grandes serviços à Cultura. Em
2015, foi condecorado com a Insígnia Autonómica de Valor (cordão), da Região
Autónoma da Madeira, pelo desempenho e virtudes profissionais.
3. Para além da vida política e da vida profissional, é um devoto da pesquisa e
da escrita, contando com a publicação de vários títulos sobre a história
autonómica da Madeira. Rui Nepomuceno, que sempre demonstrou interesse pela
História, sobretudo pela História da Madeira, investiga, escreve e publica.
Além de autor de diversos livros, foi colunista do Diário de Notícias do
Funchal e integrou o painel de opinião do Funchal Notícias. Na internet tem um
blogue com o seu nome.
Nas obras publicadas, abordando a história política, económica e social
madeirense, destacamos:
2003, Editorial eco do Funchal, Uma perspectiva da História da Madeira, editora
O Liberal; 1994, Editorial Caminho, As crises de Subsistência na História da
Madeira; 2006, Editora Campo das Letras, História da Madeira Uma Visão Actual;
2007, Editora Caminho, A Conquista da Autonomia da Madeira; 2008, em Funchal
500 anos, A Madeira Vista Por Escritores Portugueses (Séculos XIX e XX).
Escreveu vários artigos de carácter histórico, literário, político e
sociológico, nomeadamente no «Comércio do Funchal», no «Diário de Notícias», e
nas revistas «Islenha», «Margem» e «Ilharq»: •A vida e obra de Francisco
Álvares de Nóbrega / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - ISSN 0872-5004. -
Nº 42 (Jan.-Jun. 2008); •O dia último e o gosto da liberdade / Rui Nepomuceno
In: Margem 2. - Funchal. - N.º 25 (Dezembro 2008); •A época e a obra de Manuel
Álvares / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - ISSN 0872-5004. - Nº 45
(Jan. - Jun 2008); •A revolução democrática da Madeira de 1931 / Rui Faria
Nepomuceno In: Revista Diário. - Funchal. - 15 a 22 de Abril 2001; •Papel do
Funchal na expansão portuguesa / Rui Nepomuceno In: Revista Diário. - Funchal.
- 14 a 20 de Abril de 2002; •A canga e o movimento neo-realista português / Rui
Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 30 (Jan. - Jun. 2002); •O arquipélago
da Madeira na vida e obra de Ferreira de Castro / Rui Nepomuceno In: Islenha. -
Funchal. - Nº 31 (Jul. - Dez. 2002); •As quintas rurais madeirenses na obra de
Maria Lamas / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 34 (Janº - Junho
2005); •A Primeira República na Madeira / Rui Nepomuceno In: Islenha. -
Funchal. - N.º 47 (Jan./Jun. 2010); •Do Porto Santo ao Funchal na obra de Maria
Lamas / Rui Nepomuceno In: Islenha. - Funchal. - Nº 37 (Jul. - Dez. 2005); •A
Madeira na vida de Norton de Matos / Rui Nepomuceno In: Margem 2. - Funchal. -
N.º 18 (Dez. 2004); •A Madeira na vida e obra de Júlio Dinis / Rui Nepomuceno
In: Margem 2. - Funchal. - N.º 19 (Maio 2005).
Notas:
(1) Documento que fez história em 1969 pela sua ousadia face ao regime. Em
Abril de 1969, correndo todos os riscos que se conhecem, 39 cidadãos
portugueses naturais da Madeira subscreveram este documento, dirigida a
Braancamp Sobral, governador do então Distrito Autónomo do Funchal. Nesse
texto, hoje histórico (e para cuja génese e elaboração foi decisiva a acção
dinâmica de dois importantes núcleos de acção cívica e política no Arquipélago
(o "Grupo do Pombal", de activistas católicos progressistas, e o
grupo do jornal "Comércio do Funchal", de carácter não confessional),
era exigida democracia e autonomia, com tudo o que isso implicava à época,
tendo alguns dos seus subscritores, em Outubro desse ano, integrado listas
oposicionistas nas eleições para a Assembleia Nacional.
(2) Ao analisar os ensaios históricos do autor Rui Nepomuceno, Urbano Tavares
Rodrigues salientou o «escrúpulo da investigação rigorosa e exaustiva, a
clareza, e a elegância da escrita», referindo que "nunca uma documentação
tão rica e variada foi seleccionada e reunida em obra, que, como esta,
reconstitui o verdadeiro rosto da Madeira e do seu povo, através do tempo”.
Biografia da autoria de Helena Pato
http://ruinepomuceno.blogspot.pt/2010/02/test1.html
http://a24news.blogs.sapo.pt/sobre-rui-nepomuceno-469373
http://www.bprmadeira.org/index_digital.php?IdSeccao=442
https://funchalnoticias.net/…/rui-nepomuceno-o-homem-de-cu…/
Saber Madeira : magazine de informação. - Funchal. - A. 15, N.º 1
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