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1921-2021

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

ISABEL MOITA (1940 – 1986)

ISABEL MOITA (1940 – 1986)

 

Geóloga, desde jovem ligada a actividades contra o regime fascista, esteve na clandestinidade como funcionária do PCP (com o companheiro, Gaspar Ferreira), foi presa e julgada em Tribunal Plenário. Participou em actividades da CDE.

 

Isabel Maria Curates Moita nasceu em Alcanena, a 28 de Setembro de 1940, filha de Joaquim da Silva Moita e de Etelvina Henriques Curates. Fez os estudos secundários no Liceu Nacional de Santarém, com excelentes classificações. Em 1958 entrou na Faculdade de Ciências de Lisboa, onde se licenciou em Geologia. Desde muito cedo, ligou-se às actividades associativas daquela Faculdade e, mais tarde, envolveu-se em actividades políticas de luta contra o regime.

 

Em 1963, acompanhou o marido, Gaspar Ferreira, quando este entrou na clandestinidade como funcionário do PCP. No dia 14 de Maio de 1966, GF foi preso pela polícia política numa rua de Lisboa, quando regressava a casa (clandestina), depois de uma reunião (1) e, no mesmo dia, no assalto à sua casa feito pela PIDE, Isabel Moita é presa e, com ela, o filho de ambos, João, de 21 meses. Interrogada na sede (Rua António Maria Cardoso), chantageada e ameaçada, tenta pôr termo á vida, engolindo pedaços de uma colher. Isabel Moita e Gaspar Barreira casaram na prisão de Caxias, para poderem ter alguns direitos familiares, como algumas visitas. Depois de sete meses em prisão no Forte de Caxias, é julgada em Tribunal Plenário a 27 de Janeiro de 1967 e absolvida. No mesmo processo o seu companheiro foi duramente condenado (2). Gaspar Ferreira (Barreira) passou cinco anos no forte de Peniche [conhecido pelo seu brutal regime prisional] e, durante esse tempo, teve vários períodos de internamento na prisão-hospital de Caxias, devido à deterioração do seu estado de saúde. Em 1970, Isabel Moita faz circular, na FCUL, um abaixo-assinado a pedir a libertação de Gaspar Barreira (ex-aluno daquela faculdade), quando ele já tinha cumprido a pena a que fora condenado e continuava preso ao abrigo das "medidas de segurança".

 

Isabel Moita, manteve uma longa ligação ao Instituto Hidrográfico, onde realizou vários estudos relacionados com a Plataforma Continental, deixando publicações nomeadamente sobre Cartografia, Litologia, Cartas sedimentares.

 

Em 1984 desligou-se daquele serviço por doença grave, vindo a falecer muito nova, de doença oncológica.

 

Notas:

(1) Só depois do 25 de Abril foi possível explicar esta prisão: o operário em cuja casa tinha decorrido a reunião (de nome Roque) era informador da PIDE.

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(2) No julgamento, GB denunciou as violências a que fora sujeito. Foi condenado a três anos e meio de prisão maior, perda dos direitos políticos por 15 anos, e medidas de segurança de seis meses a três anos, prorrogáveis [As "medidas de segurança" permitiam manter os presos políticos na prisão para além do período de duração da sua pena, de forma discricionária, foram no seu caso de quase dois anos]. GB foi libertado em 1971, quando se encontrava internado no Hospital-Prisão S. João de Deus (Caxias), em estado de saúde muito debilitada.

 

Nota biográfica da autoria de Helena Pato.

 

Fontes:

- Registos prisionais de Isabel Moita e de Gaspar Ferreira

- Biografia de Gaspar Barreira

https://www.facebook.com/.../a.55910911.../2783053881803973


 

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